O uso de drogas pesadas volta a ser discutido na teledramaturgia brasileira. O personagem Danilo (Cauã Reymond), de Passione (Globo), usa anfetaminas para melhorar o seu desempenho no ciclismo e logo passará a consumir outros tipos de entorpecentes.

Drogas nas novelas é tema que não se esgota

Para não ser pego pelo exame antidoping, o rapaz chegou a trocar seus exames com os do irmão, Sinval (Kaiki Brito). Nesta semana, ele irá se arrepender da trapaça e, para não prejudicar Sinval, vai confessar à família e à Confederação de Ciclismo que mudou os documentos.

Em conversa com o pesquisador em telenovelas da USP (Universidade de São Paulo) Claudino Mayer para descobrir por que o assunto é tão retratado nas tramas brasileiras e sempre acaba tendo grande repercussão. Novelas como O Clone (Globo), de 2001, e Poder Paralelo (Record), em 2009, também abordaram com sucesso o tema da dependência química.

- O assunto está muito presente na sociedade brasileira e não se esgota. Serve como um alerta e mostra para o telespectador os modos como essa doença pode ser tratada.

Mayer se nega a classificar o tema como um modismo, definindo-o como parte do convívio das famílias do Brasil. Em sua análise, os autores falam desse problema como forma de dar veracidade às tramas.

- Cada autor traz uma dosagem diferente. Todos com objetivo de convencer o telespectador de que as drogas são ruins.

O estudioso compara três novelas que retrataram o assunto. Em O Clone (Globo), a autora Gloria Perez mostrou o lado dos dependentes químicos que “quebravam tudo pela droga". Já Rudi (Petrônio Gontijo), em Poder Paralelo (Record), de Lauro Cesar Muniz, é "um personagem tenso, que sofreu até uma overdose". Em Passione, Silvio de Abreu mostra um "retrato glamourizado de um usuário".

Ao discutirem a dependência química, as novelas "abrem os olhos dos telespectadores" para o assunto, afirma Mayer.

- Quando o assunto não é discutido, parece que ele morre e as pessoas pensam que não existe. A novela serve como uma mola propulsora para mostrar que o problema ainda está presente na sociedade.

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